Quando falamos na evolução dos alimentos, a carne cultivada em laboratório é, sem dúvidas, uma das principais tendências dessa área. Estando sua empresa atuando nessa fatia do mercado, é indispensável que você conheça mais do assunto e descubra como isso pode beneficiar seus negócios.
Neste artigo, você irá conferir as principais características da carne cultivada, como funciona seu processo de produção e, principalmente, os benefícios e desafios que ela enfrenta atualmente. Prossiga com a leitura e saiba mais!
O que é a carne cultivada em laboratório?
A carne cultivada em laboratório, também conhecida como carne cultivada, carne artificial ou carne sintética, é um tipo de carne produzida a partir das células animais, com a utilização da engenharia de tecidos, sem a necessidade de criar ou abater animais para obtê-la.
Esse processo revolucionário é realizado em laboratórios, onde as células animais são coletadas e cultivadas em condições controladas para se multiplicarem e formarem o tecido muscular, replicando a estrutura e a composição da carne convencional.
As diferenças entre a carne convencional e a cultivada são diversas, mas dentre elas podemos destacar:
1 – Processo de produção
Enquanto a carne convencional é obtida por meio da criação, alimentação e abate de animais, a carne cultivada é produzida em laboratório a partir de células animais sem a necessidade de abate de animais.
2 – Sustentabilidade
A priori simpatizantes da carne cultivada em laboratório a consideram mais sustentável em comparação com a carne convencional, pois utiliza menos recursos naturais, como água e terra, e gera menos emissões de gases de efeito estufa. Mas este tópico rende discussão, pois há pesquisadores que apontam fatores que podem trazer luz para pontos ainda não muito conhecidos e discutidos.
3 – Qualidade e composição
A composição nutricional da carne cultivada pode ser controlada para reduzir a presença de gorduras saturadas e aumentar os nutrientes desejáveis.
4 – Ética animal
A produção de carne cultivada evita o abate de animais, reduzindo assim questões éticas relacionadas à exploração animal e ao sofrimento animal associado à indústria de carne convencional.
Como funciona o processo de fabricação da carne cultivada em laboratório?
Como é de se esperar, o processo da criação desse tipo de carne envolve muitas questões tecnológicas especiais e, é claro, vários processos realizados dentro do laboratório. Tudo isso é utilizado para que, no fim, o produto atinja os aspectos nutricionais e sensoriais desejados.
Descubra a seguir um pouco mais sobre como todo o processo é realizado!
1 – Coleta de células
O processo começa com a coleta de células animais, geralmente provenientes de uma biópsia de um animal doador. Essas células são normalmente células musculares ou células-tronco multipotentes capazes de se diferenciar em células musculares.
2 – Proliferação celular
As células coletadas são colocadas em um meio de cultura rico em nutrientes dentro de um biorreator ou outro ambiente controlado. Neste ambiente, as células se proliferam, multiplicando-se para aumentar o número de células disponíveis para formar tecido muscular.
3 – Diferenciação celular
Após a fase de proliferação, as células são induzidas a se diferenciarem em células musculares maduras. Isso é realizado através de diferentes estímulos, como alterações nos nutrientes fornecidos, modificações na temperatura ou uso de fatores de crescimento específicos.
4 – Agregação celular e formação de tecido
As células musculares diferenciadas são então estimuladas a se unirem e formarem estruturas tridimensionais semelhantes ao tecido muscular. Isso pode ser feito através de estímulos mecânicos, como o uso de “scaffolds” (estruturas de suporte) ou métodos de bioimpressão para criar a estrutura desejada.
5 – Maturação do tecido muscular
O tecido muscular formado passa por um processo de maturação, onde se desenvolve a textura e as características similares à carne convencional. Isso pode envolver a estimulação elétrica para promover o desenvolvimento adequado dos músculos.
Como você já deve ter notado anteriormente em alguns dos itens mencionados, não podemos deixar de exaltar as tecnologias específicas que são utilizados nesse processo, como:
- Bioreatores: Utilizados para cultivar as células em condições controladas, fornecendo os nutrientes necessários, controlando a temperatura, pH e outros fatores ambientais;
- Cultura de células: Meios de cultura que contêm nutrientes essenciais para o crescimento celular, incluindo aminoácidos, vitaminas, minerais e fatores de crescimento específicos;
- Scaffolds: Estruturas tridimensionais que fornecem suporte para o crescimento celular, ajudando na formação de tecido muscular;
- Bioimpressão: Permite criar estruturas tridimensionais específicas, como tecidos, através da deposição precisa de células em camadas controladas por meio de impressoras 3D especializadas.
BÔNUS: Aspectos nutricionais e composição da carne cultivada
A composição nutricional da carne cultivada pode ser ajustada para atender às necessidades específicas dos consumidores. Geralmente, a carne cultivada tem uma composição proteica similar à carne convencional, contendo proteínas, vitaminas, minerais e aminoácidos essenciais para uma dieta equilibrada. Além disso, pode ser adaptada para conter teores de gordura mais baixos, reduzindo gorduras saturadas e colesterol.
A tecnologia utilizada na produção da carne cultivada permite um controle mais preciso da composição nutricional, possibilitando a criação de produtos saudáveis e personalizados, atendendo às demandas de diferentes públicos consumidores, como vegetarianos, veganos ou pessoas preocupadas com questões de saúde.
Como são os aspectos sensoriais da carne cultivada?
Assim como qualquer outro alimento e, principalmente, levando em consideração a comparação com a carne convencional, os aspectos sensoriais são extremamente importantes para garantir a adesão do público.
Em relação ao sabor, textura e aroma da carne cultivada, podemos destacar que:
A experiência sensorial do sabor da carne cultivada pode variar dependendo dos métodos de cultivo e dos ingredientes utilizados. Muitos relatórios indicam que o sabor pode se assemelhar ao da carne convencional, mas pode ser ligeiramente diferente devido à ausência de gordura intramuscular, que contribui para o sabor característico da carne.
Já a textura é considerada um aspecto crítico da análise sensorial, onde os cientistas têm trabalhado para replicar a estrutura fibrosa da carne convencional, procurando atingir uma textura suculenta e similar à carne natural.
Por fim, levando em consideração o aroma, ele pode ser influenciado pelos processos de cultivo e maturação. A presença de compostos voláteis que contribuem para o aroma característico da carne pode ser semelhante à carne convencional, embora variações possam ocorrer devido às diferenças na composição nutricional.
Comparação sensorial: carne convencional x carne cultivada
Em testes comparativos, alguns consumidores podem perceber nuances sutis de diferença no sabor e aroma entre a carne cultivada e a convencional. Entretanto, para muitos, a diferença é mínima ou quase imperceptível, sugerindo uma similaridade notável.
Já a textura pode ser um aspecto mais desafiador na comparação sensorial. Embora a carne cultivada esteja progredindo na obtenção de uma textura mais próxima da carne convencional, algumas análises sensoriais indicam diferenças perceptíveis na textura, especialmente em versões iniciais do produto.
Quais são os benefícios e desafios da carne cultivada?
No início do artigo nós já comentamos brevemente alguns dos benefícios do uso da carne cultivada. Entretanto, devido a sua importância para o planeta e, é claro, para nossa sociedade, é mais do que válido relembrar alguns dos pontos trabalhados anteriormente e ainda trazer novos pontos para seu conhecimento.
Confira abaixo os benefícios da carne cultivada!
1 – Sustentabilidade
A carne cultivada tem o potencial de reduzir significativamente o impacto ambiental da indústria alimentícia. Pode diminuir a emissão de gases de efeito estufa, o uso de terra e água, e a necessidade de insumos como ração animal, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas e a preservação dos recursos naturais.
2 – Redução do uso de recursos
Comparada à produção convencional de carne, a carne cultivada requer menos terra, água e alimentos para animais, além de gerar menos resíduos e emissões nocivas. Isso pode ajudar a enfrentar problemas como a escassez de água e a degradação ambiental associada à agricultura intensiva.
3 – Redução do sofrimento animal
A produção de carne cultivada elimina a necessidade de criação e abate de animais para consumo, reduzindo significativamente o sofrimento animal associado à indústria alimentícia convencional. Assim, é possível atrair consumidores preocupados com o bem-estar animal e ética na alimentação.
4 – Maior consideração ética
A carne cultivada oferece uma alternativa mais ética, fornecendo aos consumidores uma opção de proteína animal que não envolve o abate de animais, alinhando-se aos valores de muitos indivíduos que buscam opções mais humanas na alimentação.
Fora todos esses benefícios, não podemos deixar de comentar sobre os três grandes desafios que essa área enfrenta hoje em dia e, que grande parte disso, é responsável pelo atraso e adesão do produto pelo mercado. Veja a seguir!
Regulação
A carne cultivada enfrenta desafios regulatórios, pois é uma tecnologia relativamente nova e os órgãos reguladores ainda estão desenvolvendo diretrizes específicas para sua produção, rotulagem e comercialização.
Aceitação do consumidor
A aceitação do consumidor é um dos maiores desafios, já que alguns consumidores podem ter preocupações quanto à segurança alimentar, qualidade, sabor e impacto no ambiente, além de questões éticas e percepções sobre alimentos processados.
Preço e disponibilidade
Inicialmente, o custo de produção da carne cultivada pode ser alto, o que pode afetar sua acessibilidade ao consumidor. Com o avanço tecnológico e a escalabilidade da produção, espera-se que os custos diminuam, tornando-a mais acessível no futuro.
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